Fonte: Boxing Magazine
Autor: Michel Alvarenga
Publicado: 01 de junho de 2012, às 15h e 10 min.
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O que Popó tem a provar?
Fiquei alguns dias afastado por motivo de trabalho e pude perceber, lendo algumas matérias, que o nosso boxe, através de Popó e Michael, pela luta que ambos irão travar amanhã, 02 de junho, em Punta Del Leste, no Uruguai, que um legado será deixado por Popó, que estará passando automaticamente a responsabilidade a Michael, de domingo em diante, de representar bem o boxe brasileiro, fazendo frente ao ainda melhor boxe do mundo, o norte-americano. Não há a menor dúvida que será mais uma sessão de sparring do que uma luta propriamente dita; pelo menos essa é a minha opinião. Popó não precisa provar nada pra ninguém e Michael, perdendo ou vencendo será o nossa chance de título mundial durante mais uns 10 ou 12 anos. A realidade dos fatos é: Popó está com 37 anos, bem acima do peso que lutava, quando estava em atividade; segue treinando com muita garra e determinação para fazer uma boa despedida diante da jovem promessa. O que posso dizer de Popó é que ele irá vender caro a derrota para Michael, caso ela venha acontecer, o que acho muito improvável; mais há quem diga que Michael vencerá o tetra-campeão mundial. Bom, opinião cada um tem a sua; eu acredito que Popó vencerá, mesmo está afastado dos ringues há bastante tempo. Já pelo lado de Michael, posso ver um futuro brilhante, porém é necessário que ele esteja ciente de que representa o Brasil, não os Estados Unidos. Se de fato Michael quer conquistar o público brasileiro, terá que deixar de lado a criação de estilo norte-americano, para vestir a camisa tupiniquim verde e amarela pra sempre. Para ser ídolo no Brasil, não basta apenas ter o sangue de brasileiro correndo nas veias, é preciso de fato entender que a nacionalidade e o reconhecimento dela é de suma importância para que isso ocorra com naturalidade. Caso você discorde do que acabo de afirmar, pergunte para Éder Jofre, Adilson "Maguila" Rodrigues, Miguel de Oliveira, Servílio de Oliveira, Sertão, George Arias e tantos que representaram e ainda representam o Brasil, para saber qual será a resposta deles. Não estou aqui falando por ninguém; tão pouco é meu desejo afirmar que essas são as palavras desses nomes que citei, mas, acredito que o diferencial deles estava em representar um país que já teve tradição nesse esporte e que hoje é ridicularizado pela maioria da imprensa, que pouco dá atenção aos jovens valores que vem surgindo dentro do país, em se tratando de boxe a nível mundial. Michael é um ótimo pugilista e sem qualquer sombra de dúvida é a maior esperança de títulos mundiais para o Brasil, mais deve ter em mente que conquistar a popularidade dos brasileiro vai muito além de dizer que é brasileiro. Ele tem a seu favor a juventude e grande mobilidade, além de boa capacidade de aguentar o castigo, mais precisará mais do que isso para ser tão grande como Éder Jofre e como o próprio Popó. É muito cedo para cravarmos algo em definitivo sobre Michael, como muitos por aí andam fazendo. Temos que dar tempo para ele, para que assim comece a conquistar o seu espaço e o coração carente dos brasileiros. A mídia infelizmente faz coisas que nos deixam impressionados. Quem lembra do Robinho, da era de ouro dos Santos de 2002, ao lado do Diego e companhia. A maioria dos narradores, comentaristas esportivos, especialistas em futebol, começaram a cravar que ele seria um "novo Pelé" e vejam o que acabou acontecendo. Robinho se tornou um grande jogador, mais não conseguiu nem de longe ser quem ele gostaria. Foi para o Real Madri, fez alguns bons jogos, mais nada que passasse do obrigatório. Atuou pelo Manchester City, clube de origem inglesa e teve uma boa passagem, porém nada mais do que isso. Depois de algum tempo fora do Brasil, teve que retornar ao Santos, para retomar um pouco da pegada que tinha outrora, para então ter valor de mercado novamente. Voltou para o Milan e, ao que me parece, foi a melhor passagem do Robinho pela Europa. Não conseguiu ser o melhor do mundo, como muitos apressadinhos disseram que ele seria. Agora a popularidade está totalmente voltada para o Neymar. É Neymar daqui, Neymar dali, Neymar de lá... Estão colocando um peso de astro sobre os ombros do menino, assim como fizeram com o Robinho. Comparam a habilidade do brasileiro com a de Lionel Messi; alguns ainda querem levantar uma rivalidade entre eles, pelo fato do primeiro ser argentino. Nós temos que, de uma vez por todas parar de exaltar precipitadamente nossos talentos. Michael é um grande pugilista? Sem sombra de dúvida. Creio que ele trará muitas alegrias para os brasileiros que são fãs de boxe como eu, mais ele precisa entender que dentro da categoria que ele atualmente está, tem muita gente competente, que tem infinitamente mais experiência e coração do que ele. Temos que deixar o rapaz trabalhar e ir com calma, em relação as notícias que escrevemos sobre ele. Algumas delas podem inclusive, comprometer o futuro dele dentro do que estabeleceu como prioridade pra sua vida. O que acho mais engraçado disso tudo é que, as mesmas pessoas que escrevem dizendo "isso", "aquilo" e "aquilo outro", são as mesmas que quando as coisas não estão indo bem, sentam na frente do seu computador, notebook, seja lá o que for e escrevem uma matéria que mais parece um livro, sujando, manchando, ferindo a imagem, que eles (a mídia) ajudou a construir. Deixem o Michael fazer o que ele sabe. Popó é o grande nome do nosso boxe ao lado de Éder Jofre; isso continuará latente pra todos os brasileiros ganhando ou perdendo amanhã. Não será uma luta que manchará a imagem que o próprio Popó construiu. Ninguém até hoje na história do boxe brasileiro conseguiu o feito de igualar ou superar os 4 títulos mundiais que o baiano conquistou, por isso acredito que cada um dos que vestiram as luvas de boxe para representar o Brasil, de uma forma ou de outra, colaboraram para que o nosso boxe hoje, estivesse em crescimento como está. Alguns dizem que Popó só enfrentou pugilistas de escalão duvidoso... esse é problema de muitos, em querer passar informações sem antes consultar fontes confiáveis. Vamos analisar algo: um cara que fez 29 lutas, conseguindo 29 vitórias, todas por nocaute, somando um total de 6 anos vencendo pela via rápida, ininterruptos; um pugilista que venceu 13 dos 40 combates que conquistou, vencendo seus adversários no 1° assalto; venceu 13 das 38 vitórias por nocaute clássico e 19 por nocaute técnico; um cara que venceu Arthur Gregorian, que quando enfrentou Popó tinha um cartel bem mais alavancado que o de Michael, com 29 vitórias e 0 derrota; venceu Joe Casamayor, ex-campeão mundial, que na ocasião em que Popó o enfrentou ele estava com 26 vitórias e 0 derrotas, mantendo o cinturão da WBA (Associação Mundial de Boxe) e WBO (Organização Mundial de Boxe) dos Super-Penas; bateu Jorge Barrios, que até a luta que fez contra o baiana estava com um cartel impressionante de 36 vitórias e 0 derrotas, mantendo os mesmos cinturões quando lutou contra Casamayor; e pra terminar, foi campeão mundial pela primeira vez vencendo Anatoly Alexandrov, que na ocasião tinha 35 vitórias e apenas 4 derrotas, nocauteando-o no 1° assalto, deixando-o inconsciente por 5 minutos, tendo que ser retirado de maca, por causa da potência do golpe que lhe foi aplicado. Depois de tudo isso que eu disse, alguém ainda vai querer confrontar as duas únicas derrotas que Popó teve, que foi contra Diego Corrales e contra Juan Diaz?! Michael tem condições de alcançar o que Popó e tantos outros alcançaram, mais eu acredito que essa luta contra Popó, que estava parado há anos, pode comprometer em parte seu futuro, pois caso perca, será visto como um pugilista em atividade, mais jovem, mais dinâmico que perdeu para um aposentado, que voltou ao boxe pelo dinheiro, por não ter que provar nada a ninguém, depois da história de vida e conquistas que construiu ao longo de sua vasta carreira. Isso vai pegar mal para Michael diante da imprensa internacional. Sua equipe deveria ter pensado nessa possibilidade. Mais parece a luta entre Rocky Balboa, no sexto e último filme da série de sucesso de Holywood, enfrentando Mason Dixon. Popó está sendo desafiado a voltar após 5 anos inativo e treinando como um louco, para fazer uma boa despedida dos ringues. Depois de tudo que construiu, não vai querer, tão pouco aceitar sair de cena por baixo. No máximo o que Michael irá conseguir, caso não seja nocauteado antes do 6° assalto, será levar a luta para a decisão por pontos. Eu encaro como uma sessão de sparring, mais alguns caem antes mesmo de soar o gongo para o início da luta. Dê sua opinião! Acesse o nosso twitter: http://twitter.com/boxingmagazine e mande sua mensagem para: @boxingmagazine. Ou, clique em "Comentários", logo abaixo da postagem e deixe sua opinião.
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