terça-feira, 5 de outubro de 2010

BOXE ILEGAL


Fonte: Boxing Magazine
Autor: Michel Alvarenga

O SUBMUNDO DAS LUTAS DE BOXE ILEGAIS


Não é de hoje que acompanho o boxe. Boxe faz parte da minha desde minha tenra infância. Aprendi a amar e a respeitar esse esporte tão nobre e conscientizador. Pra mim o boxe está relacionado e interligado a duas palavras: caráter e respeito.
Caráter, pois assim é com esse atributo que um homem de verdade deve agir. E respeito, porque não devemos subestimar quem quer que seja. Porém, sinto em dizer, que após algumas estatísticas pude concluir que o boxe agora, também está relacionado a outras palavras, que inevitavelmente estão sendo citadas com freqüência: falta de estrutura, de apoio por parte de empresários e, principalmente por uma das palavras que não deveria jamais estar associada a qualquer esporte, a morte. Contudo, quando estamos falando de esportes de contato, não pode se descartar essa possibilidade. Critica-se muito o boxe por ser um esporte violento, e realmente, com isso, tenho que concordar. Talvez quem me conheça não esteja entendendo meu ponto de vista, porém vou explicá-lo.
Quando me referi que há violência no boxe, não estou falando necessariamente da violência nos ringues, mais fora deles. Sobretudo aqui no Brasil.
Campeonatos clandestinos acontecem debaixo dos olhos da maioria das entidades responsáveis pelo boxe amador no Brasil, colocando em risco a integridade física de seus praticantes. É bem verdade que a culpa não está apenas associada as entidades, mais também aos pugilistas que se envolvem nesses tipos de campeonatos, que, além de não ter nenhuma estrutura médica para atender as necessidades de seus atletas, ainda põe em risco a vida da maioria de seus praticantes, pois os mesmos estão sujeitos a uma grave lesão, e sem qualquer tipo de ajuda; seja ela financeira ou médica, caso aconteça algum acidente. É óbvio que se perguntarmos para cada um desses pugilistas, porque eles se aventuram nesses clubes clandestinos de lutas, eles responderão, que é por causa de dinheiro. Não há outra resposta que não seja essa. E porque isso acontece? Por que infelizmente no Brasil os atletas, principalmente que estão relacionados diretamente ao boxe amador, não conseguem patrocinadores, não tem apoio de nenhum empresário, e na maioria das vezes, não é pelo fato de não serem promissores em suas categorias, mais por falta de oportunidades de uma boa estrutura para treinarem e se dedicarem inteiramente ao que mais gostam de fazer. Uma pessoa que entra para o ramo do boxe, não entra pelo fator dinheiro apenas, principalmente aqui no Brasil, onde as bolsas são muito abaixo do normal. A maioria dos atletas que praticam boxe não entram porque adoram tomar socos no corpo e no rosto; eles entram porque amam o que fazem, e querem o reconhecimento por isso. Estão em busca do mesmo, mais sem apoio financeiro, acabam se tornando lutadores de clubes clandestinos. A maioria desses atletas tem família, e precisam sustentá-la. Como não há espaço e tão pouco estrutura no boxe brasileiro, aventuram-se um clubes, recebendo uma porcentagem das apostas que são feitas pelos freqüentadores. Posso até ser classificado como polêmico pelas minhas declarações, no entanto, prefiro ser classificado assim, do que deixar de falar de um assunto com tanta importância e relevância como esse que estou abordando.
A verdade é, que a maioria sabe que isso acontece, e nada fazem para deter esses clubes. É impressionante como podem permitir boxeadores promissores se envolvam com esse tipo de coisa. Entendo perfeitamente que a maioria desses que se envolvem já são homens suficientes para cuidar de sua própria vida. É assim que muitos pensam por aí. Não estou culpando nenhuma entidade, mais chamando a atenção delas, para esses acontecimentos, que não ocorrem de alguns dias pra cá, mais de anos.
O boxe clandestino vem se propagando, se alastrando por todos os lados. Funciona como um clube onde lutas são realizadas sem a supervisão das entendidas competentes. Esses clubes permitem que seus lutadores lutem sem licença, sem estarem habilitados para o combate. Além disso, jamais submetem qualquer um de seus lutadores a exames médicos (tumografias, e tantos outros). Estão apenas preocupados com as cifras.
Há algum tempo atrás foi noticiado pelo programa transmitido pela emissora de TV (Globo), no Esporte Espetacular, uma matéria acerca desse tipo de clube.
Na ocasião me lembro que reportado pelo programa, as formas como aconteciam, a alguns lutadores lutando por duas, ou mais vezes em apenas uma semana de intervá-lo; quando o aconselhável é que o atleta de boxe, tenha tempo para se recuperar dos ferimentos e das lesões, caso ocorram.
Na maioria das vezes esse tipo de luta, não oferece segurança a nenhum de seus praticantes. Faz suas divulgações pelo famoso: "Boca a Boca", e agora pela internet, através dos sites de relacionamentos. Devemos atentar para esse acontecimento. Não podemos permitir que nossos atletas se entreguem ao léu da sorte dessa maneira.
Cidades como São Paulo e Minas Gerais, foram palcos desse tipo de eventos, segundo estatísticas de alguns órgãos de estudos. Na maioria das vezes, no interior das capitais, onde tinham até apoio da prefeitura local. Realmente é uma vergonha que isso aconteça.

Entidades de boxe no Brasil, vamos cuidar para que isso deixe de ser uma realidade em nosso país. O boxe amador precisa de vocês. E vocês podem ajudar. Averiguem esse tipo de luta, em prol do bem estar dos atletas e do boxe nacional.

Pugilistas não vendam sua integridade física e moral à clubes que não respeitam sua condição de profissional, e querem ganhar em cima de seus ferimentos e lesões. Não estão compromissadas caso ocorra algum acidente mais grave. Acorde para a realidade. Vocês têm valor, e devem respeitar a si mesmos!

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Boxing Magazine - O Magazine do Boxe
Michel Alvarenga

Um comentário:

  1. Toda e qualquer matéria, toda e qualquer opinião, feita para conscientizar a classe de pugilistas, para desmascarar a classe dos maus empresários e para coibir erros e omissões de eventuais federações que trabalham, não pelo esporte, mas para a ganância de seus dirigentes é de grande grande valia.
    A luta pela moralização do esporte está no começo, mas para ir à China é necessário dar o primeiro passo.
    Forte abraço,
    André Carodso

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