Autor: Michel Alvarenga
Publicado: 16 de novembro de 2011, às
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MARQUEZ AMARGA MAIS UMA DERROTA PARA OS JURADOS
CAMPEÃO?! NÃO DESTA VEZ!
Um dos eventos mais esperados deste ano, a terceira luta entre Manny Pacquiao, atual dono do cinturão da categoria pela Organização Mundial de Boxe e, Juan Manuel Marquez, mais uma vez terminou em polêmica. Se não bastasse Marquez ter sido prejudicado 1 vez, nas duas lutas anteriores, desta vez, o erro foi ainda mais evidente. Pacquiao não foi nem sombra do lutador que foi considerado o "Pugilista da Década"; estava longe disso. Na verdade, o filipino estava irreconhecível dentro do ringue, na madrugada deste último sábado, 12 de novembro, no MGM Grand, em Las Vegas. Com aproximadamente 17.000 pessoas presentes e outras milhares assistindo pelo PPV, a luta fez juz a toda expectativa criada ao longo dos meses, desde seu anúncio oficial. Marquez a seu melhor estilo, com sombrero mexicano e ao som da música de seu país, foi saudado pelos mais de 16.000 pagantes que foram ao MGM Grand, com um caloroso grito de "México, México", que ecoava dentro do Grand. Pacquiao por sua vez, ao surgir de seu vestiário, entrou no MGM Grand ao som da música que consagrou o terceiro filme da famosa série de longas norte-americanos, estrelado e algumas vezes dirigido por Silvester Stallone, Rocky 3 - O Desafio Supremo. A eletricidade estava espalhada por todos os lados. Grandes nomes do esporte norte-americano estavam presentes para prestigiar o evento. Dentre eles encontravam-se: Mike Tyson, Magic Johnson e Julio Cesar Chavez. Uma homenagem foi prestada pelo famoso apresentador de lutas de boxe, Michael Buffer, à "Smokin" Joe Frazier, que faleceu na última segunda-feira, aos 67 anos, após lutar contra um câncer de fígado. Buffer estava tão emocionado que, quase foi as lágrimas ao terminar sua prédica. A luta estava com todos os ingredientes necessários para ser um dos eventos que marcaria mais uma vez a história do boxe mundial, de maneira positiva. Mas, não foi isso que aconteceu ao fim do 12° assalto. As bolsas de apostas apontavam o filipino como favorito para vencer a luta e, não poderia ser diferente, já que em seu poder estava o cinturão de campeão mundial e o status de melhor boxeador da década. Juan Manuel Marquez por sua vez, era considerado pela maioria dos especialistas em boxe, uma grande zebra na carreira de Pacquiao, visto que nas duas últimas lutas que eles travaram - 2004 e 2008 -, Manny não obteve vitórias convincentes, sendo um empate e uma vitória apertada, além de contestada, pois muitos viram uma vitória do mexicano sobre o filipino. Este terceiro combate era uma espécie de tira-teima, onde o filipino tinha mais a provar do que o mexicano. Manny bem que tentou, mas não foi o suficiente, ao menos em minha opinião. A expressão no rosto de sua esposa, que estava sentada em um lugar próximo ao ringue, demonstrava como a luta estava sendo desfavorável ao seu amado. Os 6 primeiros assaltos da luta, tiveram absoluto domínio de Marquez, com atacava Manny com boas combinações e, quando era atacado pelo filipino, contra-golpeava-o com combinações contundentes. Embora tivesse ficado evidente um equilíbrio na luta em si, em muitos assaltos podia-se ver a superioridade de Marquez sobre Pacquiao.
A movimentação e jogo de pés do mexicano, além da técnica ao aplicar seus golpes e combinações, confundiram a cabeça do filipino, que procurava encontrar Marquez, mais seus golpes ficavam no vazio, mostrando quão bem o mexicano estava e quão dificultosa estava a vida para o filipino àquela altura da luta. Manny Pacquiao não esperava que Juan Manuela Marquez fosse oferecer tanta resistência e bom boxe. Todo pugilista tem um adversário que se torna uma pedra em suas sapatilhas e, Marquez, sem sombra de dúvida, foi a maior na carreira de Pacquiao. Passados os 6 primeiros rounds, Manny melhorou, mais não foi nenhum 1/3 do pugilista que estamos acostumados a ver em ação. Ainda tentando encontrar Marquez no ringue, Pacquiao acelerou suas investidas, aumentou sua velocidade e procurou mais a luta franca. Marquez por sua vez, continuava fiel a sua estratégia e confiante de que estava se saindo bem, dentro daquilo que propôs fazer para vencer o filipino. Manny conseguiu acertar alguns golpes mais fortes em Marquez, mais nada que fizesse mudar o resultado da luta, que aquela altura teria apenas um vencedor. Ao fim do 12° assalto, Marquez comemorava com os braços para o alto, como quem dissesse: - Eu venci! -, mas, ele não esperava que mais uma vez, iria tropeçar nos jurados. Não deve ser nada fácil ter de enfrentar um pugilista tão excepcional, como é o caso de Pacquiao e, três jurados incrivelmente cegos, irresponsáveis e incompetentes. Michael Buffer assumiu o microfone novamente e, enquanto ele dava-se a falar, o público presente estava perfeitamente certo de que Marquez havia vencido Pacquiao, tanto é que gritavam: "México, México". Mas, as papeletas dos jurados foi tão surpreendente como era a face de Pacquiao ao ouvir o anúncio da mesma. A esposa de Pacquiao, sentada próxima ao ringue, aparentava desanimo e descontentamento pelo fiasco de luta que seu marido fizera aquela noite. Estava apreensiva e, parecia saber que seu marido não havia sido o vencedor daquele combate. Baixou a cabeça por diversas vezez e quando Michael Buffer declarou que Manny continuava como campeão mundial, um misto de alívio e surpresa tomou conta da primeira dama.
O mesmo ocorreu com Pacquiao, que parecia não acreditar que realmente sairia do MGM Grand, ainda campeão. Buffer anunciou, Pacquiao arregalou os olhos, o mesmo sentimento visto em sua esposa fez parte da comemoração amarelada de Manny. Parecia não acreditar que ainda se mantinha no topo. No fundo, Pacquiao sabia que não merecia mais o título de campeão, ao menos não frente a Juan Manuel Marquez. O mexicano ficou revoltado com a decisão dos jurados, protestando enfaticamente contra a mesma. Nacho Beristian, treinador de Marquez ficou desolado, chegando a declarar: "Apontar Manny Pacquiao como vencedor foi o maior roubo em 52 anos que estou no boxe". Marquez protestou: "Só tenho uma derrota na carreira e foi para Floyd Mayweather".
Mais uma vez, Marquez terá que usar o bordão de seu herói compatriota, Chapolin Colorado: - Suspeitei desde o princípio... Se aproveitam de minha nobreza! Até o presidente da OMB, Jose Sulaiman, que disse não acreditar que Marquez fosse capaz de vencer Pacquiao, chegando a associar uma possível vitória do mexicano a realização de um "milagre", deixou qualquer dúvida de lado, após ver seu compatriota em ação. A comissão de boxe do Estado de Nevada, deveria rever esse resultado, pois não faz juz ao verdadeiro veredicto da luta. Após mais essa "vitória", Manny disse não ter vontade de encarar Floyd Mayweather Jr., unindo sua decisão a de seu promotor, Bob Arum, seu treinador Freddie Roach e o restante de sua equipe. Não seria momento de Pacquiao se dedicar integralmente à política de seu pais, as Filipinas! Se antes, uma luta contra Mayweather Jr. era quase impossível de ser realizada, por motivos contrários a esses apresentados hoje, atualmente ela não será mais realizada, pelos mesmos motivos, só que desta vez, pelo lado de Manny e sua equipe.
Antes, era Mayweather Jr. que tinha medo de enfrentar Pacquiao, por saber que o filipino estava no auge de sua forma física, agora, é Manny que não irá encarar o norte-americano, pois certamente, depois da luta contra Marquez, ficou evidente que as condições do Pacquiao para uma luta contra Mayweather Jr., fariam com que ele se tornasse o "fiasco da década". O filipino não tem quaisquer chances frente a Mayweather Jr., nesse momento. Lutando da maneira que lutou, Manny não será páreo para Floyd. Das coisas boas que vi nesse combate, está o público que lotou o MGM Grand, fezendo uma grande festa, provando que o boxe está mais vivo do que nunca. Além disso, o show de transmissão da HBO, a homenagem feita a Joe Frazier e o boxe de alto nível mostrado por Juan Manuel Marquez. O mexicano pode está prestes a se aposentar, segundo algumas fontes.
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Michel Alvarenga
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