segunda-feira, 26 de julho de 2010

ENTREVISTA COM ROCKY JÚNIOR



BOXING MAGAZINE
Entrevista com o boxeador Rocky Júnior
26/07/2010


1. Como o boxe entrou em sua vida? (Boxing Magazine)
R: Desde garoto adorava assistir lutas de boxe na televisão, mas o boxe entrou mesmo em minha vida após assistir o filme ROCKY IV com Sylvester Stallone, saí do cinema dizendo a mim mesmo que seria um lutador.


2. Como e quando você achou que tinha aptidão para o boxe? (Boxing Magazine)
R: Não existia boxe aqui em minha cidade, então ficava como um louco treinando sozinho, fazendo os movimentos que eu via nos filmes do Rocky Balboa, até que apareceu o Full Contact na minha cidade e resolvi entrar, quando fiz uma aula o professor perguntou se já tinha feito boxe porque eu tinha uma noção boa. Acho que é dom de Deus mesmo.


3. Como foi o início de sua carreira? Fale um pouco sobre ela. (Boxing Magazine)
R: Comecei a participar de torneios internos de Full Contact e vencendo sempre, daí fui para torneios regionais e nacionais, quando recebi o convite de virar profissional de Full Contact e Kickboxing. No boxe tive que passar um tempo em SP para começar a entrar no circuito profissional. E depois de passar um tempo em SP fiz a minha primeira luta de boxe no dia 23 de Novembro de 2004 em Maceió contra o Potiguar Reinaldo Alves, onde ganhei por nocaute técnico no quarto round.
4. Das dificuldades que você passou, qual foi a pior? (Boxing Magazine)
R: Sem dúvidas foi na disputa pelo cinturão do Mundo Hispano WBC, onde tive uma fratura gravíssima na mão direita no começo do segundo round, e lutei até o décimo, vindo a ter mais duas fraturas na mão, venci por unanimidade graças a torcida e a minha filha que estava pertinho do ringue torcendo o tempo todo, cada vez que pensava em desistir da luta pelas dores fortíssimas que sentia, olhava pra minha filha e superava. E a recuperação da fratura, com cirurgia delicada, fisioterapia durante 4 meses, foi com certeza meu pior momento.

 

5. O que você acha da baixa publicidade que a mídia dá ao boxe? (Boxing Magazine)
R: Acho que a falta de um grande ídolo hoje no boxe atual uma das razões, quando Popó estava no auge, o boxe esteve bem melhor na mídia, e infelizmente a aposentadoria dele atinge o boxe brasileiro em geral, e outra coisa, infelizmente vivemos no país do futebol.

6. Qual a categoria que você luta e qual foram os principais adversários que você enfrentou? (Boxing Magazine)
R: Hoje luto na categoria dos médios, mas lutei e ás vezes dependendo da luta vou na categoria dos meio-médios. Dos adversários que lutei o que achei com melhor qualidade foi o Argentino Esteban Ponce.

7. Seus principais títulos. Comente sobre eles. (como ocorreu, quando ocorreu e de quem os ganhou). (Boxing Magazine)
R: O título Paulista que ganhei em 11-03-2007, e defendi em 10-05-2008 em SP; o título Mercosul WBA que ganhei em 10-05-2007, onde lutei com Esteban Ponce em Maceió, e foi uma ótima luta; e o título Mundo Hispano WBC que ganhei contra o paraguaio Oscar Rivas também em Maceió, com a mão quebrada em três lugares.

8. Suas pretensões no boxe vão além das fronteiras brasileiras? (Boxing Magazine)
R: Com certeza, já começaram com as duas lutas que fiz na Argentina, e tenho lutas programadas na Europa, em Abril passado tinha uma luta fechada na Rússia, passei uma semana antes da luta em SP para treinar mais, e aí não consegui tirar o visto no consulado Russo, perdendo a passagem e a primeira oportunidade de lutar fora do País.

9. Em sua categoria, quem você tem como melhor pugilista internacional? (Boxing Magazine)
R: Tem muitos excelentes lutadores na minha categoria pelo mundo, atualmente vi uma luta do Canadense David Lemieux e gostei muito do estilo dele.

10. Como ocorre seu treinamento? (Boxing Magazine)
R: Na parte física consigo treinar bem, correndo 10 km diários, corda, musculação e o treino técnico com sacos, sombra, punching Ball, mas quando o assunto é Sparrings Tenho enormes dificuldades em treinar em Maceió, pois não tenho sparrings, conto com ajuda de alunos e por isso antes de lutas importantes viajo pra SP para treinar com sparrings mais duros.

11. O que o boxe representa em sua vida? (Boxing Magazine)
R: O boxe é depois de minha família, a coisa mais importante da minha vida, representa um sonho realizado, um objetivo de vida, abdiquei de muitas coisas para ser lutador num Estado que não possuía referencia nenhuma no boxe, e hoje tem uma referência no pugilismo mundial. Sempre digo que não conheço nenhum lutador no mundo que conquistou o que conquistei, com a estrutura que tive, ou seja: nenhuma estrutura, é um dom de Deus mesmo, porque chegar onde cheguei sem técnico, sparrings e empresário, só com muita força de vontade e a ajuda de Deus.

12. Qual a importância do mesmo na formação de caráter de uma pessoa? (Boxing Magazine)
R: O boxe me ensinou muitas coisas na vida, inclusive a mudar meu temperamento que era meio brigão. Conheci em SP lutadores que já tinham sido presos por roubo e outros delitos que depois que entraram no mundo do boxe, mudaram completamente.

13. O que ele pode proporcionar de bom, em sua opinião, à uma pessoa? (Boxing Magazine)
R: Como falei anteriormente, acho que a maior mudança, além de performance física e melhora da saúde em geral, é a mudança da mente em relação a violência.

14. Fale um pouco sobre o boxe. (Boxing Magazine)
R: O boxe é o esporte mais completo na minha opinião, porque além dos benefícios físicos, os benefícios para a mente são excelentes, é um esporte anti –stress e ajuda na formação do caráter também.

15. Em sua opinião, o boxe deveria ser mais valorizado, mostrado e respeitado em nosso país? (Boxing Magazine)
R: Com certeza, pois temos muitos talentos pelo Brasil, que se tivessem mais valorização e apoio, estariam disputando títulos mundiais e se tornando ídolos e formadores de opiniões.

16. Em sua opinião, o que poderia ser feito para mudar um pouco a realidade infeliz do boxe brasileiro? (Boxing Magazine)
R: Acho que se as Secretarias Estaduais e Municipais de esportes apoiarem o esporte de luta, em especial o boxe, a coisa poderia melhorar muito.

17. Um título que deseja conquistar? (Boxing Magazine)
R: Quando comecei a lutar profissionalmente o sonho era ser campeão brasileiro, aí você ganha e já quer o sul-americano, aí ganha e já quer outro maior, na vida é assim e meu sonho agora e com certeza vou realizar, é o título do mundo.

18. O que o boxe lhe proporcionou de bom e de ruim? (Boxing Magazine)
R: De bom proporcionou um nome no cenário local e nacional, e com isso a sobrevivência, no pior proporcionou e ainda proporciona dores, sofrimento, abdicação.

19. Quais suas pretensões para o futuro? (Boxing Magazine)
R: Ganhar o título do Mundo, montar o próprio negócio e futuramente ajudar o esporte do meu Estado como gestor de esporte e exemplo.

20. Qual a maior decepção no boxe? (boxing Magazine)
R: A maior decepção no boxe eu acho que é perder por nocaute uma grande luta, graças a Deus ainda conheci essa decepção, e também os empresários de lutadores que só querem ganhar dinheiro e não pensam no bem estar de seus lutadores.

21. Qual a principal realização? (Boxing Magazine)
R: O sentimento de vitória de dever cumprido, as pessoas te admirarem e torcerem por você, fico muito feliz quando sou reconhecido nas ruas, e o carinho das pessoas me dão mais forças para seguir em frente.

22. Defina o que é boxe para você? (Boxing Magazine)
R: Boxe é o único esporte de lutas na minha opinião, que a técnica na maioria das vezes supera a força, é um jogo de estratégia e de muita inteligência, diferente do que os outros pensam.

23. Uma palavra relacionada ao boxe. (Boxing Magazine)
R: Uma palavra: Superação, um verbo: ABDICAR

24. Qual a importância que os patrocinadores, empresários e promotores tem na vida profissional de um pugilista? Quais os malefícios que a falta dos mesmos trazem ao boxe, e principalmente, aos pugilistas? (Boxing Magazine)
R: A importância do patrocinador é a estrutura de treinamento que o atleta precisa, a sobrevivência financeira, o malefício sem o patrocínio, o atleta tem que parar no meio do caminho para trabalhar e manter a família. Os malefícios para o pugilista, dos promotores, e que muitas vezes arranjam lutas para seus lutadores com o intuito só de ganhar dinheiro e ficam com quase toda a parte que seria do lutador.

25. Você acha que a falta de investimento é o pivô de tudo que tem acontecido no boxe brasileiro? (Boxing Magazine)
R: Tenho certeza absoluta que a falta de incentivo é a grande razão, qual perspectiva que um pugilista tem, se não consegue patrocínio e lutas?

26. O que você teria a dizer a todos os jovens aspirantes, que pretendem ser campeões no boxe, aqui no Brasil e fora dele? (Boxing Magazine)
R: Digo aos que desejam ser campeões no futuro, não desistam, a estrada é difícil, procurem se apoiar em Deus e saibam se envolver com pessoas que possam ajudá-los a subirem cada vez mais, muito cuidado com empresários que só querem se aproveitar do pugilista.

Queremos agradecer ao Boxeador Rock Júnior pela entrevista concedida ao Boxing Magazine.

                                    O Boxing Magazine e os fãs de boxe agradecem

Alvarenga – Boxing Magazine

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