sexta-feira, 5 de março de 2010

BOXE - A BELEZA DE UM ESPORTE VIOLENTO

05/03/2010
POR: MICHEL ALVARENGA
FONTE: BOXING MAGAZINE











BOXE - A BELEZA DE UM ESPORTE VIOLENTO

O que há de beleza em socar outra pessoa em busca da honra, do reconhecimento e do respeito?
O que há de beleza em trocar agressões com outra pessoa que você nem ao menos conhece direito?
O que há de tão belo e agarrar-se a um homem cheirando a suor?
Para alguns criticos de boxe isso não passa de ignorância, mas para a maioria dos boxeadores e fãs do gênero é quase sobrenatural. Vai além do entendimento, vai além da razão. Embora se lute com a mente. Embora nossa mente use o nosso corpo para mover-se, nossos pés para bailar e nossos braços para disparar jabs, ganchos, diretos, cruzados etc., nosso coração é a locomotiva que nos faz continuar. Nos faz ir além... Nos faz ver que por de trás de cortes no supercílio, costelas quebradas, rosto inchado, olhos aterrados na face e pernas extenuadas, existe um porquê para tudo isso. Existe algo que nenhum dos criticos um dia poderá enxergar! A alma de um jogador de futebol clama por um gol. A alma de jogador de basquete clama por uma bela enterrada e por um toco bem dado. A alma de um jogador de golfe clama para ver a bola cair no buraco, estando ele há quilômetros de distância. Que beleza há em tudo isso?
Se algum dos criticos de boxe pudesse me responder que lógica existe em colocar 22 homens de um gramado enorme para correrem por 90 minutos atrás de uma bola, com um único intuito: colocá-la para dentro das redes, eu também poderia responder a eles, que independente do esporte que alguém pratique, sempre existe algo de maior por trás de cada um deles.
Um pugilista não entra dentro de um ringue para apanhar, entretanto, sabe que isso fatalmente acontecerá. Nem sempre sairá ileso. Isso me mostra um pouco de lógica dentro do ilógico. Boxe está perfeitamente relacionado com a vida do ser humano.
Lutamos todos os dias para sobreviver. Lutamos todos os dias pelos nosso ideais. Levantamos de nosso vestiário (casa) e vamos treinar (trabalhar) todos os dias para conseguir alcançar o título (sonho) nosso sonho realizado. Boxe é mais do que uma simples analogia da vida. Boxe está implantado dentro de cada um de nós.
Pergunte há um pai, qual é a primeira coisa que ele ensina para o filho, quando outra pessoa tentar agredí-lo. Certamente, não todos, mas em sua maioria responderão que devem saber atacar e se defender.O institinto de sobrevivência está dentro do ser humano. E isso fica mais explícito, fica mais evidente quando se trata do Boxe. 
Dentro do quadrilátero estamos lutando pela nossa sobrevivência, seja ela qual for.
Se existe lógica dentro do Boxe, estejam certos, que ele isso também é ilógico. Muhammad Ali fazia do Boxe uma pista de balé. Bailava com seu corpo atlético e insultava com seu modo de luta seus adversários. Na verdade estava mostrando o que deveríamos fazer com nossos problemas. Ele estava dizendo a seus adversários: "Dane-se vocês! Porque quem sairá vencedor dessa luta sou eu!" Muitas vezes se deu mal por causa de seus comentários, é verdade! Mas o que importa? Todos um dia não caímos? Todos não estamos sujeitos a cometer erros? Muitos de nós não insistiu muitas vezes em fazer algo que sabia que não iria, no fim, dar certo? O que se tira de tudo isso, é que mesmo perdendo dentro do ringue, uma coisa não poderão tirar de um boxeador, sua dignidade, sua moral e sua honra.
Quem assistiu ao primeiro combate entre Muhammad Ali e Joe Fraizer, certamente deve se lembrar do que aconteceu. Ali estava voltando a lutar profissionalmente, após ter sido afastado por se recusar a servir ao exército, na guerra do Vietnã. O Madson Square Gardem estava lotado, não por causa de Joe Fraizer, embora fosse um tremendo pugilista, mas para ver Ali bailar novamente com uma bailarina, fazendo Joe Fraizer procurá-lo dentro do quadrilátero. Personalidades, cantores famosos, artistas de Holywood, até mesmo Frank Sinatra estava no Gardem tirando fotos de Angelo, treinador de Ali.
Fraizer era um grande boxeador e detinha o cinturão dos pesos-pesados, mas não havia ganhado diretamente de Ali, que era até então o campeão original.
A luta foi conduzida como Ali desejará, mas impressionantemente, no fim da luta, Ali levou um soco de Fraizer que o fez cair. Não lembro de cena tão estarrecedora quanto aquela. No fim da luta, Fraizer inda continuava como campeão dos pesos-pesados, agora com toda justiça, vencendo Ali. Mas pergunte há alguém que esteve presente nesta luta, quem saiu do Gardem com mais honra, dignidade e moral naquela noite. Até mesmo os fãs de Fraizer diriam: "Ali".
Parece ser suspeito para mim, que sou um fã de Boxe dizer, mas pergunte para qualquer pugilista, o que eles mais gostavam de fazer, quando entravam dentro do ringue? A maioria deles iria dizer: "Lutar bem!"
O Boxe é uma arte incompreendida. Mas a beleza da arte é necessariamente essa. Não se compreender o que não pode ser compreendido. Apenas aceitar a beleza estampada na tela pelos traços do pincel do pintor. Por isso é que venho dizer aos maus criticos de Boxe: "Não manchem o quadro mais belo de nosso país com criticas que não levam a arte do nosso Boxe há lugar nenhum!"
Deixem as pernas bailarem, deixem os corpos se encotrarem. Deixem a dignidade ser o maior troféu de nossos jovens e não as drogas. Apoiem projetos envolvendo o Boxe.
Não mostrem apenas lutadores que chegaram no auge, mostre a trajetória de futuros campeões de nosso país. Voltem a transmitir em cadeia nacional as lutas que há tanto, queríamos prestigiar, mas que pelo alto custo de se ter que assinar uma TV a cabo e programas que transmitam as lutas, acabamos ficando privados de acompanhar nossos jovens crescendo e honrando com seu sangue, nossa nação.
O Boxe não é violência... O Boxe é Arte!

Michel Alvarenga
Boxing Magazine - Levando o Boxe ao lugar que ele merece!

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