segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

A TRAIÇÃO DO SÉCULO XX

Fonte: Boxing Magazine
Autor: Michel Alvarenga


A TRAIÇÃO DO SÉCULO


Para quem me conhece, sabe muito bem que e o que direi agora, direi com muito pesar. Muhammad Ali, foi o maior boxeador de todos os tempos. Tenho diversos livros sobre esse homem. O admiro pela força que teve frenta a uma sociedade preconceituosa e por ter nascido num lugar segregado e mesmo assim não ter fujido de suas origens. No entanto, analisando um pouquinho mais a fundo a carreira desse grande boxeador, de quem sou fã, devo dizer que descobri algo que me deixou profundamente perturbado. A traição que teve para com seu amigo. Ali era amigo de Joe Frazier. Num dos piores momentos da vida de Ali, ocorrido após negar-se a servir na Guerra do Vietnã, e por essa sua decisão , acabou perdendo temporariamente sua licença para lutar e deixou de ser o campeão mundial dos pesos pesados, devido ao fato de não ter sido um "patriota" na concepção de alguns americanos, Frazier o apoiou e lhe deu dinheiro para que se mantesse, até voltar a boxear novamente. A amizade entre os dois era grande. Mais, depois de recuperar sua licença, que diga-se de passagem, foi tirada injustamente, Ali começou a tratar Frazier como se fosse seu inimigo.Passou a atacá-lo com palavras depreciativas, a ponto de conseguir destruir uma bela amizade e começar uma guerra que quase levou um deles a morte, no encontro que tiveram em Manilla, no terceiro e último combate entre eles. Na primeira luta Frazier ganhou por pontos. Na segunda luta Ali venceu, porém a decisão foi contestada. Na última luta entre eles, ambos lutaram tanto que Frazier já atacava Ali se consegui enxergar e Ali se mantinha de pé por teimosia. Uma das maiores lutas de pesos pesados que já até hoje. Porém o motivo desses embates não eram apenas profissionais. Frazier passou a ser atacado por Ali. A mídia sempre deu atenção as palhaçadas que Ali fazia. A forma com que ele tratava seus oponentes era desrespeitosa e condenável. Ali deixou de ser ele mesmo. Passou a achar que ele era soberano e que ninguém podia batê-lo. Ele errou ao agir dessa maneira com Frazier. Atualmente Ali carrega o status de maior pugilista de todos os tempos; título merecido, pois como pugilista era realmente fantástico, porém, não consigo entender como uma pessoa que lutava pelo direitos dos negros, contra a segregação racial e o preconceito americano, na década de 60, pode ser tão preconceituoso com seu irmão de cor. Na terceira luta, Ali foi para a frente das câmeras, pegou um gorila de brinquedo e começou a socá-lo, dizendo que estava batendo em Joe Frazier.  Ali cuspiu no prato que comeu. Ele mordeu a mão que o alimentou no momento em que estava supostamente falido. No momento em que todos o condenavam, Frazier ficou ao seu lado. E, depois que voltou aos flashs e ao cenário internacional, Ali esqueceu-se da amizade, do amigo e passou a ser um ingrato. Sinto em dizer isso, mas foi exatamente o que ele foi... Um INGRATO!.
Frazier atualmente mora no subúrbio da Filadélfia, nos fundos do ginásido onde aprendeu a lutar boxe. É triste dizer, mas os americanos estão ficando igual aos brasileiros, valorizando uns e desvalorizando outros. Frazier foi tão bom quanto Ali. Em certo ponto Frazier até era melhor do que ele. Creio que como pessoa, e algumas vezes como pugilista, Frazier se mostrou mais importante do que Ali.
Muhammad Ali, como gosta de ser chamado, esqueceu-se de Cassius Clay. Joe Frazier, não esqueceu de Joe Frazier. Ainda me lembro, que vendo um documentário outro dia, Frazier foi tão a favor de Ali, que apelou diversas vezes as autoridades americanas para que concedessem novamente a licença de Ali. Manifestou-se publicamente a seu favor, mesmo sabendo que poderia ser odiado pela maioria de seu povo. Realmente o dinheiro falou mais alto ao coração de Ali. Sua arrogância levou-o ao estado que se encontra atualmente, com Parkinson. Para quem tanto humilhou pessoas... Pra quem tanto feriu sentimentos... Pra quem tanto tripudiou em cim de Sonny Liston, Joe Frazier e George Foreman, Ali recebeu um nocaute da vida. Está fadado e a mercer das circunstâncias. Sou um grande fã de Ali, mas não posso fechar os olhos para o que ele fez... para a traição que cometeu. Sou fã do boxeador Muhammad Ali... Sou fã do homem que lutou pelo direito dos negros... mas não sou fã do auto-suficiente Muhammad Ali.

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Michel Alvarenga

2 comentários:

  1. A vida é complexa Michel e seu artigo mostra que Muhammad Ali não é o superman que pintam como se fosse unidimensional como um personagem de gibi.

    Ali tem seus esqueletos guardados no armário e mostrá-lo dessa forma como você fez no texto somente o torna mais humano. Sugiro que coloque as fontes desse texto para todos pesquisarem.

    Ali e Frazier são como 2 Pac e Notorious B.I.G, como Lula e FHC. Um não existe sem o outro, e isto torna a passagem de ambos mais triste.

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  2. Na verdade, Ali fazia aquelas provocações como uma forma de ¨marketing¨ em quase todas as suas lutas. Só que Joe Frazier levou p/ o lado pessoal. Lembrando que a brincadeira com o gorila, não tem nada de racismo, (era uma forma de dizer que venceria um cara fortão, que é como os americanos apelidam)

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